segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cavaco recusa pensão ao Capitão de Abril Salgueiro Maia e atribui pensões a dois ex-inspectores da PIDE

10 de Junho: Homenagem de Cavaco Silva a Salgueiro Maia é "envergonhada, tímida e sem chama" - António Sousa Duarte 

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Lisboa, 10 Jun (Lusa) - O investigador António Sousa Duarte criticou hoje o presidente da República por ter homenageado Salgueiro Maia, vinte anos depois de, enquanto primeiro-ministro, lhe ter recusado uma pensão, considerando que a homenagem de hoje é "envergonhada, tímida e sem chama". 

 

Lisboa, 10 Jun (Lusa) - O investigador António Sousa Duarte criticou hoje o presidente da República por ter homenageado Salgueiro Maia, vinte anos depois de, enquanto primeiro-ministro, lhe ter recusado uma pensão, considerando que a homenagem de hoje é "envergonhada, tímida e sem chama".

Para António Sousa Duarte - autor de uma biografia sobre aquele capitão de Abril, intitulada "Salgueiro Maia - Um homem da Liberdade" -, a homenagem de hoje de Cavaco Silva ao capitão de Abril é "justa", mas "tímida, envergonhada, discreta e muito fugaz", sendo ainda "um erro em cima de outro erro", ou seja, "um duplo erro".

Em declarações à agência Lusa, António Sousa Duarte considera que, embora não se pedisse hoje ao Presidente da República que fizesse um "pedido de desculpa" em relação ao que fez há 20 anos - quando, enquanto primeiro-ministro, recusou a atribuição de uma pensão àquele capitão de Abril - ter-lhe-ia "bastado, com humildade, dizer que, em circunstâncias análogas, não faria o que fez há 20 anos".
Para o investigador, a homenagem de hoje do Presidente da República a Salgueiro Maia é a "assumpção" e o "reconhecimento" de "um erro".

O autor da biografia de Salgueiro Maia afirmou que "de homenagens póstumas está Salgueiro Maia farto".
Sousa Duarte disse também que a homenagem de hoje do Presidente da República foi "tenuamente anestesiada", o que "prova" que "continua tudo como dantes".
Em 1988, o então primeiro-ministro Cavaco Silva recusou atribuir a Salgueiro Maia uma pensão que tinha sido pedida pelo capitão de Abril pelos "serviços excepcionais e relevantes prestados ao país" devido à sua participação no 25 de Abril, para a qual nunca obteve resposta, segundo declarações da viúva de Salgueiro Maia.

Aliás, a opinião de António Sousa Duarte contrasta com a da viúva do capitão de Abril, Natércia Salgueiro Maia que, em declarações ao jornal Público relativizou a controvérsia da não atribuição de pensão ao marido. 

Natércia Salgueiro afirmou ao jornal Público que não seria "altura para entrar em polémicas".
A recusa ou a falta de resposta ao pedido de Salgueiro Maia só vieram a público três anos depois quando Cavaco Silva concordou com a atribuição de pensões a dois ex-inspectores da PIDE, um dos quais estivera envolvido nos disparos sobre a multidão concentrada à porta da sede daquela polícia política.

Só em 1995, já com António Guterres como primeiro-ministro, Salgueiro Maia viria a receber uma "pensão de sangue".
CP.
Lusa/fim.

 

 

15 comentários:

  1. O Sr. Sonso
    ou como «uma mentira mil vezes repetida vale um preconceito»…

    Era uma vez um país pequenino e maneirinho, sempre pobre, miserável, adiado e amachucado, à espera de um tal D. Sebastião. Terreno fértil para chicos espertos, mais ou menos bem disfarçados, arvorados em salvadores da pátria.
    Por mero acaso, nada premeditado, a rodagem de um carrinho novo levou o Sr. Sonso a um congresso de um grande partido político de onde saiu líder do mesmo.
    Perturbações políticas várias ajudaram o Sr. Sonso a sair do nada e a tomar as rédeas dos destinos do país. Uma história não propriamente inédita, com a variante de, desta vez, o especialista em Economia e Finanças proceder não de Santa Comba, mas de outra vilória mais a Sul.
    (continua)

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  2. Dois anos de governação sem eleições, após os quais o povo premiou o Sr. Sonso não com uma, mas com duas maiorias absolutas, perfizeram a bonita soma de 10 (dez) anos de governação.
    O Sr. Sonso, como homem honesto acima de toda a suspeita, verdade ou mentira mil vezes repetida, rodeou-se de gente muito respeitável, amigalhaços entendidos em manobras de alta finança. Como convém.
    A máscara de democrata convicto acabou por cair, deixando à vista o tiranete prepotente que jamais hesitou em mandar a polícia de choque calar vozes discordantes das medidas que ia impondo.
    O pequeno país, então já membro de uma tal Comunidade Europeia, ouvia estar a ser inundado de dinheiro que entrava a rodos para a sua modernização.
    Curiosamente, metade ou mais desse dinheiro «evaporou-se» como que por magia e, como a sua distribuição e aplicação nunca foram objecto de fiscalização, pouco ou nada se aproveitou desse maná. Estradas e betão, construção desenfreada sem qualquer ordenamento, destruindo a paisagem de Norte a Sul, foram o resultado mais palpável que o povo, embasbacado, via de tais fundos.
    O maná para alguns não impediu que o desemprego e a fome alastrassem por várias zonas do país. O Sr. Sonso, à época, não deu por nada. O país até era um bom aluno…
    (continua)

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  3. O tecido produtivo do país foi amplamente destruído. Reprivatizaram-se empresas públicas, propositadamente mal geridas e bem assaltadas por gente inqualificável, nomeada pelo governo, mas acima de toda a suspeita… Gente que saltitava de empresa em empresa após um ou mais mandatos ruinosos, deixando para trás um rasto de prejuízos e danos incalculáveis, mas a quem nunca ninguém pediu contas. A desgraça era atribuída aos trabalhadores que, boquiabertos, assistiam à destruição dos seus postos de trabalho.
    Destruiu-se uma boa parte da já de si fraquita frota pesqueira, a marinha mercante, a agricultura, tudo a troco de uns tostões a título de indemnizações, levando a que a população abandonasse as suas terras e rumasse ao litoral, às grandes cidades, deixando o interior cada vez mais pobre e desertificado.
    À Educação e Investigação foram sendo dedicadas umas migalhas. Não admira. Para alguém como o Sr. Sonso, que se gabava de não ler jornais, mas que não tinha dúvidas e raramente se enganava, é óbvio que a Educação do povo representava um perigo, não uma prioridade – o homólogo de Santa Comba era da mesma opinião.
    Todos os que tentavam atravessar-se no seu caminho eram apelidados de Forças de Bloqueio – o Presidente da República, a Procuradoria-geral da República, o Tribunal Constitucional, o Tribunal de Contas, o Bispo de Setúbal, a Comunicação Social, etc., etc., etc.
    (continua)

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  4. O Sr. Sonso, cultivando uns quantos tabus, chegou a Presidente da República e deixou de ter a ver fosse com o que fosse da desgovernação do país, passada e actual, recorrendo a episódios mais ou menos rocambolescos e mantendo sempre um aspecto marcante da sua personalidade – a sua própria vitimização.
    A sonsice do Sr. Sonso, ora de novo candidato a PR, é tal que renega o seu contributo para o estado de coisas a que o país chegou.
    Há outros culpados, como é óbvio, mas a ele cabe-lhe a responsabilidade pelo início da desgraça.
    O Sr. Sonso e seus «muchachos» consideram-se caluniados, vilipendiados por os seus adversários na campanha eleitoral em curso, cuja «baixeza» e «vilania» não se cansam de apontar, invocarem notícias vindas a lume em vários meios de comunicação social que, também curiosamente, não foram negadas nem objecto de processos judiciais.
    Caiu por terra a mentira mil vezes repetida da seriedade dos seus governos.
    Resta, quanto muito, o preconceito.

    Maria José Morais Isidro Aragonez

    Nota da autora: É apenas um conto. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

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  5. Pessoa sem carácter, é o que é.

    Que pena, o Senhor Fernado salgueiro Maia não estar vivo, para lhe devolver a condecoração!

    "Diz-me com quem andas, eu te direi quem és"


    http://sem-anos-de-republica.blogspot.com/

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  6. Cavaco Silva e o Serviço Nacional de Saúde (I)
    Com a chegada das administrações hospitalares aos Hospitais Públicos depois das alterações da Lei feitas por Cavaco Silva em 1988, aconteceu de tudo:
    1- No Norte de Portugal, um hospital teve a um conselho de administração presidido por um professor primário reformado;
    2- Outro hospital, foi entregue a um fabricante de facas;
    3- Outro, a um homem que era conhecido pelas bebedeiras que carregava a qualquer hora;
    4- Cozinhas e lavandarias, e até as morgues (1) , foram entregues a empresas, algumas de competência mais que duvidosa;
    5 - Reciclagem de resíduos sólidos hospitalares, formam entregues a empresas, algumas sem qualquer competência, cujas acções acabaram em processos criminais por crimes contra o ambiente e a saúde pública (foram encontradas centenas de toneladas de lixos infectos que o Estado pagou para serem queimados, abandonados em velhos armazéns de fábricas desactivadas);
    (continua)

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  7. Cavaco Silva e o Serviço Nacional de Saúde (II)

    6- Os Administradores Hospitalares de carreira, foram, em alguns casos, completamente desautorizados e substituídos por pessoas, cuja única “competência” era o cartão do PSD;
    (1) – Uma morgue de um Hospital no Alentejo, foi concessionada à exploração de um homem que era o habitual fornecedor de batatas para o Hospital. A canalhagem acabou, no dia em que faleceu o pai de um médico do hospital e lhe exigiram 15 contos (se a memória me não engana) para levantar o corpo do pai.
    (2) Veio tudo nos jornais da época,
    (3) Isto, para não falar nos doentes que morreram, por fazerem hemodiálise em aparelhos com a tecnologia aldrabada… para poupar na despesa.

    Já ninguém se lembra?

    Demitiu a Ministra da saúde? Nãããooo:

    Demitiu (fazendo um figuraço!!!) um Ministro da Agricultura que, passado algum tempo, numa reunião "privada" com estudantes Univ., contou uma anedota infeliz que havia sobre os Doentes mortos pelo alumíno.

    Foi assim, até que, em 1995, o cavaquismo governante desapareceu… no fuma das suas trapalhadas…
    É a isto que Cavaco chama “estado social”?

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  8. Cavaco Silva:
    Retrato de Miguel S. Tavares

    (….). Nunca lhe reconheci crédito de estadista, nem mérito como governante. Nunca lhe conheci um pensamento político que não fosse estratégico apenas para si próprio nem agenda política que não fosse do seu interesse pessoal. Nunca o vi gostar de correr riscos nem ter coragem nos momentos difíceis --- quer em relação ao país quer em relação ao próprio PSD, que, em grande parte, ainda vive na ilusão de que Cavaco pertence à sua família política, como se ele tivesse alguma família política que não a sua própria.
    (…) O homem que se dirigiu ao país (em 29 de Setembro de 2009) como Presidente de todos os portugueses já não o é mais. Colocou-se a si mesmo como Presidente de uma facção --- dos devotos que lhe restam ou da maioria silenciosa e ignorante que não segue ou não entende a gravidade do que se passou. [a inventona das escutas]
    Por decisão própria, o Presidente da República tornou-se neste momento o principal factor de instabilidade, o principal obstáculo ao regular funcionamento das instituições democráticas que jurou defender.» (Miguel Sousa Tavares, EXPRESSO, 3 de Outubro de 2009 “Seremos todos parvos, Sr.Presidente?”)

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  9. Se isto fosse um país daqueles à séria, e se os portugueses não fossem carneirinhos, já se teria resolvido a questão deste inutil há muito tempo!

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  10. A respeito da não atribuição da pensão de sangue a Salgueiro Maia, deixo aqui a minha homenagem a Francisco Sousa Tavares, antifascista e homem de valores e convicções que reagiu com toda a indignação à não atribuição da pensão a Salgueiro Maia e a sua atribuição aos PIDES. Valeu-lhe um processo que não chegou a julgamento porque Francisco Sousa Tavares, então já bem doente, faleceu entretanto.
    Deixo a minha homenagem à sua memória e à sua voz que hoje tanta falta nos faz a todos nós, portugueses.

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  11. Na Manhã do dia 25 d'Abril/
    Caetano e seus apaniguados/
    no Carmo estavam encurralados/
    com a Guarda no seu covil.

    Evocando a Senhora do Carmo/
    Caetano e os fascistas safados/
    no Quartel ouviram assustados/
    O Capitão Maia dizer:-Não desarmo!

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  12. No caso dos dois antigos inspectores da PIDE, as pensões tinham sido previamente autorizadas pelo Supremo Tribunal Militar (STM). E fonte de Belém sustenta agora que a pensão de Salgueiro Maia foi recusada por causa de "entraves burocráticos" levantados pelo mesmo STM. Porém, e como o PÚBLICO noticiou em 1992, o que o STM fez em relação ao pedido apresentado por Salgueiro Maia foi dizer que não era competente para analisar o caso. É que, à luz da legislação existente na altura, o STM só devia pronunciar-se sobre a atribuição de pensões por actos praticados em teatro de guerra. Era o caso dos dois ex-inspectores da PIDE, mas não era o caso de Salgueiro Maia, que invocara no seu pedido "actos de abnegação e coragem cívica desenvolvidos na acção militar de 25 de Abril de 1974".

    O caso foi assim remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR), cujos consultores aprovaram por unanimidade a concessão daquela pensão, no parecer n.º 163/88, de 22 de Junho de 1989. O processo foi depois remetido pelo Ministério da Defesa, então tutelado por Fernando Nogueira, ao Montepio dos Servidores do Estado - serviço equivalente à actual Caixa Geral de Aposentações. De onde, por razões que nunca foram esclarecidas, nunca chegou a sair.

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Seria porque os outros dois teriam sido camaradas?

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